Há 6 meses atrás, terminei um namoro de 7 anos, que acabou de uma forma horrível e que até hoje não consigo superar a decepção dos últimos acontecimentos, que estragaram toda a história que eu havia construído e o futuro que eu havia imaginado. Alguns dias são mais fáceis, outros são difíceis. Por um lado, é bom não dever satisfação a ninguém, até mesmo pelo fato de eu não estar fazendo nada de errado. Só quero viver minha vida. Por outro, às vezes bate uma tristeza de não conseguir olhar pra frente e me imaginar feliz novamente. Consigo me enxergar alegre, mas não feliz (para mim alegria é um estado mais imediato que felicidade, que é um estado de espírito bem mais duradouro). Mas por quê? Por não conseguir enxergar as pessoas e a vida em si como eu enxergava antes, vivendo "em uma nuvem". Acho que de certa forma eu sempre vi a vida de forma inocente e através de olhos de criança, que via coisas boas e sonhava com um mundo melhor. Agora simplesmente só enxergo decepções a todo redor, não só de mim, mas de pessoas próximas, e fico bem cética em relação ao que esperar e tenho muita dificuldade de imaginar a família que um dia eu teria.
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Tento sair ao máximo, dentro dos meus limites e do meu gosto. Não faço coisas que não gosto simplesmente para sair de casa, não desmereço a minha pessoa e nem minha moral. Acho que cada um tem seu jeito de lidar com seus traumas, e o meu não é sair por aí pegando mil caras ou enchendo a cara, saio com minhas amigas sempre que o programa me agrada e saio por mim e não por mais ninguém ou para aparecer e fazer vista como tantos fazem. Se não for por mim mesma, não faz sentido.
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Há uma semana, estava assistindo uma série onde ouvi uma frase que marcou, que as pessoas são como pequenos planetas, cada uma com todo um mundo dentro de si, suas histórias, seus medos, desejos, pensamentos e seu jeito de ser. Às vezes eu me sinto como se eu fosse um planeta não só de outro sistema solar, mas de uma outra galáxia completamente distante. Não descobri ainda onde me encaixo. Tenho amigas excelentes e eternas da época de escola que nunca deixamos de nos ver, e fiz amizades maravilhosas na faculdade, que também são verdadeiras. Ainda assim, às vezes me sinto completamente por fora, talvez por não estar por dentro dos estilos musicais que todas sabem, ou por não achar legal ou normal quando alguém usa algum tipo de droga na balada, por ter uma memória meio ruim e não lembrar de cada caso com cada cara que alguma amiga me contou ou por não ter dez mil grupos ou pessoas falando o dia inteiro sem parar no celular. Por ser mais reservada, nunca fiz tanta questão de conhecer muitas pessoas diferentes, pois como minha mãe me disse, amigos de verdade a gente conta nos dedos, e essas eu já tinha, então não me importava com "amizades" fúteis.
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Quando eu era mais nova, eu era super faladeira, fazia amizade com todos e era amiga de todos no colégio, fazia piadas e ria até chorar facilmente. Não sei se isso mudou porque comecei a namorar, mas acabei me tornando uma pessoa fechada (como na questão de me fechar para amizades fúteis). Não acho que alguém tem que viver para agradar os outros, porém eu já fui mais aberta e diferente do que sou hoje. Não consigo achar em que quesito eu triunfo, não sou maravilhosa para dançar (depois das festas de 15 anos nunca mais rebolei bem até o chão hahahaha), não chego em um lugar e faço amizade com todos que estão lá e não sou a mais engraçada de lá.
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Às vezes quero que o mundo se exploda enquanto estou deitadinha vendo Netflix, que as pessoas mudem, que eu acorde no dia seguinte em outro mundo (nesse mundo porém diferente) onde as coisas finalmente se encaixam e eu me encontro no meu lugar. Quando eu estava no relacionamento, me sentia segura de quem eu era e que tinha uma pessoa no mundo que me conhecia completamente, mas hoje não sei se nada disso é verdade.
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Com uma oportunidade de intercâmbio pela frente, coloquei isso como meta e que até o final dele irei me descobrir, porém sei também que essa busca tem que ser feita aqui, antes de ir, dentro de mim. Como dizem, nossos problemas vão onde nós estivermos. E só quero poder aproveitar essa oportunidade ao máximo.
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Tenho ficado muito em casa, por ter saído do estágio para conseguir fazer um curso mais intensivo de idioma para conseguir acompanhar as aulas na faculdade do exterior e, antes disso, eu já não tinha muita motivação para fazer muita coisa durante a semana, e acabo ficando sedentária e preguiçosa. Dessa forma, e por tudo o que eu disse antes, resolvi criar um tipo de mini diário pessoal (que nunca mais escreverei tanto assim), onde tentarei realizar coisas novas e registrar seus resultados. Pretendo ir descobrindo o que me faz ser eu e encontrar felicidade no que um dia já me fez bem e resgatar parte de quem eu era e também descobrir coisas novas e me transformar em alguém ainda melhor.